Guia de comunicação com o ex-cônjuge

Guia de comunicação com o ex-cônjuge

A internet mudou drasticamente nossa forma de comunicar. Primeiro o e-mail e depois as mensagens instantâneas trouxeram nossa interação da oralidade para a escrita. Depois, com novos recursos nos aplicativos de mensagens, a comunicação escrita foi sendo sistematicamente substituída pelas mensagens de voz, vídeo, chamadas de qualquer lugar e emojis.

Isso fez com que as interações fossem mais intensas, mais rápidas e, inclusive, mais registráveis.

Hoje todo mundo chega com uma série de prints de mensagens no escritório de Direito de Família para tentar mostrar quem o ex é na realidade. Mas a que isso serve?

A outra face dessa realidade é pessoas com receio de trocar qualquer mensagem com o ex-cônjuge sem a supervisão de um advogado. Será que ele está fazendo prova de alguma coisa? Posso escrever isso?

Acontece que não é viável depender de outra pessoa para trocar mensagens. Por isso, resolvi compartilhar aqui regras básicas para uma comunicação adequada entre ex-cônjuges e ex-companheiros, especialmente no período delicado entre a separação de fato e a formalização do rompimento.

Manutenção da cordialidade

Gentileza é bom e a gente gosta. Você pode estar com muita raiva do ex e ter bons motivos para isso. Mas, nas mensagens escritas, áudios enviados por WhatsApp, o tom deve ser de cordialidade.

Se o casamento já acabou, a essa altura, não serão grosserias em mensagens que vão passar a realidade a limpo ou comprovar quem estava errado ou culpado.

Se o outro quer colocar fogo no parquinho e envia desaforos, o recurso de bloquear está aí. Ninguém é obrigado a manter comunicação por mensagem com ninguém, muito menos em clima de grosseria.

“Ah, Laura, mas temos um monte de coisas para resolver”. Ok. Vamos pensar em outros meios de comunicação que demandam mais esforço e, portanto, já fazem um filtro na troca de ofensas. Enviar e-mail dá trabalho, né?! Tanto melhor. Assim só envia se for necessário.

Respeito do tempo e da privacidade

O smartphone de uma pessoa, na atualidade, é uma extensão de seu corpo. No aplicativo de mensagens tem trabalho, tem família, tem amizade. É muito bom poder falar com qualquer pessoa a um toque dos dedos, mas pode ser muito desafiador poder ser acessado a todo momento.

Não é raro que as pessoas relatem dificuldade de concentrar-se, de realizar um trabalho, de dar atenção a uma conversa em razão do excesso de mensagens. Por isso, elas podem optar por ficar um tempo off ou estabelecer que não dá para responder tudo a tempo e a hora.

Por isso, se você mandou uma mensagem para seu ex-cônjuge, evite ficar cobrando resposta a cada dois minutos. Lembre-se de que você não deve ser mais uma prioridade na vida daquela pessoa.

Chamadas a qualquer hora ou, pior, chamadas de vídeo com quem não se vive mais podem ser muito desagradáveis. Quem quer atender um vídeo do ex ou da ex quando acabou de acordar ou quando está tentando conhecer novos lugares? Não é de bom tom.

Aliás, se a mensagem não é essencial, não envie.

Negociação tem hora e ambiente

WhatsApp não é um ambiente de negociação. Negociar um divórcio e seus termos é uma coisa muito séria e, em regra, deve ser conduzida por quem entende do assunto.

Não se deve resolver pensão por mensagem, muito menos partilha de bens. Não é raro que o ex ou a ex pressionem para que a pessoa reconheça um direito por mensagem ou tomar uma posição sobre um tema sensível do divórcio. Fuja dessa cilada.

Saída de casa, guarda de criança, pensão alimentícia e partilha de bens não devem ser resolvidos em uma troca agressiva de mensagens. Isso é assunto para uma conversa séria, pessoal e bem-organizada. De preferência, as tratativas dos termos de uma separação devem ser conduzidas por advogados especializados em Direito de Família e em negociação, depois de terem criado um ambiente propício para isso.

Acima de tudo, não aceite ameaças por mensagens. Coisas do tipo: “ou você aceita agora ou você vai ver na justiça” não são comportamentos adequados para um acordo.

Como falar sobre os filhos

Se o ex-casal tem filhos, especialmente os pequenos que ainda não têm o próprio celular, eles têm que ter algum meio de comunicação sobre os filhos. Mas isso não pode ser um aval para excessos de mensagens, controle e troca de ofensas.

Aqui no blog eu já detalhei tudo sobre aplicativos para guarda e cuidado com crianças, para que os pais em processo de separação não precisem resolver tudo em cima da hora e por mensagem. Vale a pena conferir!

Conversa de WhatsApp é prova?

Dentro de uma lógica atual do Direito de Família, mesmo que a gente tenha que fazer um litígio, ele não deve ter baixaria. Se não for extremamente necessário, é melhor evitar aquele monte de print de WhatsApp que ninguém consegue entender o contexto das conversas.

Há, claro, situações em que mostrar uma conversa é essencial para provar um fato que não pode ser provado de outra forma. Então, vamos recorrer ao registro da comunicação. 

Nunca faça prints aleatórios e picados da conversa. Isso tira as mensagens de contexto e faz a prova perder credibilidade. Ou você deve fazer prints do início ao fim da conversa, mantendo todas as mensagens trocadas ou fazer um vídeo por gravação de tela. A gravação de tela é uma excelente opção, pois é possível acompanhar as mensagens do início ao fim, inclusive com a passagem dos áudios, tão comuns hoje em dia.

Converse com um advogado de sua confiança sobre a melhor forma de fazer essas provas, ou conte com nossos especialistas para dar a segurança e tranquilidade que você merece.

Conversar com um advogado.

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