Aplicativos para guarda e cuidado de crianças

Aplicativos para guarda e cuidado de crianças

Hoje não conseguimos mais pensar em nossa comunicação sem o aplicativo do WhatsApp. E não são só as mensagens escritas (há quem nem use mais), temos os áudios, as chamadas de voz e de vídeo.

Da mesma forma que o WhatsApp nos aproximou, facilitou e barateou a comunicação (quem se lembra de quanto custava o minuto de ligação de celular?), ele acelerou o tempo, criou a demanda da comunicação instantânea e gerou muita, muita ansiedade.

No dia a dia das famílias, é muito comum que toda a organização da rotina aconteça por mensagens: quem vai buscar hoje? A que horas é a festa? O que vamos comer de jantar?

Ocorre que, com o divórcio, a manutenção de todas as decisões a respeito de filhos no aplicativo de mensagem, com a demanda de respostas imediatas, é a receita do desentendimento. Ainda que a continuidade da comunicação entre os pais seja importante para a criação dos filhos, é inviável que todas as decisões sejam tomadas na hora, com a expectativa de uma troca instantânea de texto ou áudio. Isso sem falar na angústia que gera abrir o celular e ter, o tempo todo, mensagens do ex ou da ex no celular. Você aguentaria?

Os desafios da comunicação entre pais que não vivem juntos

O grande desafio da comunicação entre pais que não vivem juntos (há pai e mãe que nunca viveram juntos) é garantir que se falem o suficiente para dar uma criação coerente aos filhos, mas o mínimo necessário para evitar arestas.

Não bastasse, os próprios filhos querem falar com os pais com quem não estão na companhia. Quando os filhos já têm idade para ter seu próprio celular, eles mesmo cuidam disso. Mas as crianças pequenas ainda dependem do smartphone de seus cuidadores para se comunicarem um com o outro.

Com isso, começa a chamada de vídeo do pai no celular da mãe, os áudios da mãe no celular do pai. Com franqueza, se não são um casal, isso é uma invasão de privacidade. Quem quer acordar feio e atender a uma vídeo chamada do ex ou da ex, ainda que para o filho?

A primeira solução para esse desafio é uma rotina de convivência bem estabelecida, com o máximo de detalhes. Assim, pais de crianças não precisam trocar mensagens ao longo da semana para saber o dia em que estão com um ou com o outro. Se o regime de convivência tem dia, hora e local para buscar e levar, a maior parte das mensagens fica desnecessária. Já é um alívio.

Muitos pais acham que minha sugestão de super detalhamento do regime de convivência é uma prisão. Ao contrário! Pensa a liberdade de já ter toda a rotina montada de antemão. É claro que a flexibilização deve ser possível, mas é uma exceção. Quem segue o conselho adora o resultado.

Fica faltando, então, um meio para falar com os filhos e um canal para falar sobre os filhos.

Outros aplicativos de comunicação

Quando os filhos não podem ver ambos os pais todos os dias, vale pensar uma forma para que se comuniquem por chamadas e vídeos. Estamos tão habituados a WhatsApp que esquecemos que existem muitos outros meios.

Há o bom e velho telefone fixo, que serve perfeitamente para aquela chamada no final da tarde para contar como o dia foi. Se na casa não tem, pode ter um celular sem aplicativos para esse fim.

Existe um tablet em casa? Pode ser usado para chamada de vídeo com horário marcado: Google Meet, Microsoft Teams ou Zoom. Servem perfeitamente para falar com vídeo e não precisam de um smartphone.

Tem até relógio infantil que faz chamada!

Aplicativos de comunicação familiar brasileiros

Bom, além do ajuste de rotina e um meio para os filhos falarem com os pais, é preciso um mecanismo para que os pais falem sobre os filhos: médicos, informações sobre saúde, medicação, festas dos colegas, necessidade de comprar alguma coisa.

Para isso existem aplicativos de comunicação familiar que ajudam muito – pais que vivem juntos ou não. Dá para incluir os avós, outros cuidadores e até pedir a mediação de um conflito. De início, pode parecer uma nova demanda, mas, com o tempo, é um grande facilitador.

O aplicativo Os Nossos permite o compartilhamento da agenda, de despesas e de decisões em relação aos filhos. A agenda é montada de acordo com o regime de convivência estabelecido pelos pais ou pelo Poder Judiciário e pode receber sugestões de alterações. Novas despesas podem ser demandadas, com a possibilidade de negativa ou de contraproposta no valor do gasto. Todas as questões são organizadas no tópico conversas. O aplicativo ainda traz frases que devem guiar o comportamento dos pais, como “Evite falas como ‘a culpa é do seu pai/mãe’ ou ‘foi ele/ela que causou isso’.”. Um link para o WhatsApp permite contato com os desenvolvedores do aplicativo e eventualmente a requisição de mediação de um conflito.

Outro aplicativo que permite o controle da agenda dos filhos é o Zelle, um aplicativo que demanda assinatura paga. Nele, é possível anotar os dependentes, a agenda e mandar mensagens. Além disso, há um blog com textos sobre convivência de filhos com pais separados e rotina familiar e um álbum de memórias a ser compartilhado pelos cuidadores das crianças ali vinculadas. Por fim, há campo para registrar os contatos importantes para a efetivação da agenda das crianças.

Há ainda o Compartilhando a Guarda, que se posiciona como uma ferramenta para facilitar a comunicação e a organização da rotina, salientando que tal missão é uma responsabilidade a ser compartilhada entre os pais. Ou seja, reconhece que a própria organização do calendário das crianças pode significar uma sobrecarga. Assim como o Os Nossos, tem calendário compartilhado, mensagens e registro de despesas para ressarcimento. Além disso, tem um registro de acontecimentos com o objetivo de recuperação da informação por palavras-chave e a possibilidade de armazenamento dos documentos das crianças de forma digitalizada.

Aplicativos de comunicação familiar estrangeiros

Essas são algumas opções disponibilizadas para o público brasileiro, o que não impede que uma família no Brasil lance mão de opções pensadas em outros países. Em inglês é possível encontrar o Talking Parents, o Parentship e o OurFamilyWizard.

O Talking Parents traz uma combinação entre a possibilidade de administração da agenda conjunta de convivência parental com a necessidade de comunicação virtual, pois permite a realização de vídeos ou chamadas de vídeo com gravação e transcrição sem sequer revelar o número do telefone remetente. As mensagens trocadas não podem ser deletadas ou editadas, fazendo com que se pense antes de escrever. Não bastasse, é possível anotar informações vitais, como alergias, e fazer notas não compartilhadas.

No OurFamilyWizard há uma classificação do tom das mensagens trocadas entre os pais, indicando a inadequação das palavras e a impressão de agressividade na forma com que a comunicação foi feita.

Em suma, há alternativas que permitem não só que a comunicação entre filhos e pais não guardiões (no sentido físico) não se dê pelo WhatsApp do outro genitor, como há soluções para que a comunicação entre os pais sobre a convivência com os filhos fique separada, garantida e fora do aplicativo pessoal de mensagens.

A comunicação pode e deve ser saudável

É claro que uma comunicação entre os pais é importante para a criação dos filhos. Contudo, essa comunicação pode adoecer e, em alguns casos raros, é impossível, especialmente quando o meio é o WhatsApp.

Mas o corte do WhatsApp não precisa impedir a organização da rotina, a comunicação com os filhos ou a troca de informações relevantes sobre eles. Se o WhatsApp com o outro genitor não está funcionando, pense em três soluções:

1) rotina bem estabelecida para que o dia a dia não tenha que ser resolvido na hora

2) meios de comunicação entre os filhos e o genitor que não está com ele no momento

3) meio de comunicação sobre os filhos

O WhatsApp é uma ferramenta maravilhosa, mas não pode ser vista como a única forma de se comunicar.

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